
Um estudo divulgado pela Fundação do Câncer nesta quinta-feira (27), coincidente com o Dia Nacional de Combate ao Câncer, expôs preocupantes estatísticas sobre o câncer colorretal no Brasil. Com dados de 177 mil casos registrados de 2013 a 2022, foi identificado que mais de 60% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados.
Esse diagnóstico tardio limita significativamente as chances de cura, conforme apontado por Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer. Ele destacou em entrevista que 50% dos pacientes alcançam o sistema já no estágio metastático (estágio 4), e 25% no estágio 3, totalizando mais de 70% em estágios críticos.
“Se analisarmos o país como um todo, os dados mostram que 50% das pessoas chegam no estágio já metastático, estágio 4, e mais 25% no estágio 3. Somando os estágios, são mais de 70%, o que é uma catástrofe.”
O levantamento sublinha a relevância do diagnóstico precoce, enfatizando que qualquer sintoma suspeito deve ser avaliado rapidamente. Metodologias de rastreamento precoce, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, precisam de maior disseminação para serem eficazes.
A pesquisa sugere que o exame de rastreamento seja antecipado dos 50 anos para idades entre 45 e 40 anos. Além disso, fatores de estilo de vida, como o controle de peso e a cessação do tabagismo, são cruciais para diminuir os riscos do câncer colorretal, conforme identificado nas regiões do país com altas taxas de obesidade e tabagismo.
“São aquelas medidas que a gente vive falando, de evitar sobrepeso, evitar falta de atividade física, excesso de bebida alcoólica, não fumar. Isso é fundamental, porque a gente sabe que isso ajuda a reduzir casos novos de câncer. No caso do câncer colorretal, isso é uma verdade”, afirmou o diretor-executivo.
Os dados coletados mostram que o câncer de cólon e reto é mais frequente entre brancos (34,6%) e negros (30,9%), e a Região Sudeste concentra quase metade dos casos.
A Fundação do Câncer projeta um aumento de 21% nos casos entre 2030 e 2040, com cerca de 71 mil novos diagnósticos e 40 mil mortes. Maltoni alerta para a necessidade de políticas de Estado que priorizem o diagnóstico e prevenção de forma contínua e independente de governos.
“Tem que ter uma política pública, uma política de estado permanente, que independa de quem esteja no governo, para que esses resultados aconteçam. A gente tem exemplo disso na política de controle do tabaco.”
A pesquisa concluiu que é imperativo um maior envolvimento do Ministério da Saúde em iniciativas como a distribuição de kits de coleta de amostras para diagnóstico precoce, inspirados em modelos internacionais.
O estudo associou tabagismo e obesidade às incidências do câncer colorretal. Capitais como Florianópolis e Porto Alegre, com proporção de fumantes acima de 12%, apresentam taxas maiores da doença. Similarmente, a obesidade contribui para esse cenário em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
“O boletim revela que políticas focadas em alimentação saudável e atividade física são de grande importância para a redução das taxas da doença.”
A pesquisa ainda constatou que 85,9% dos casos ocorrem em pessoas com mais de 50 anos e que a cirurgia é o tratamento inicial predominante. Estratégias de rastreamento antecipado são essenciais para reverter essa tendência.