
O Ministério da Saúde anunciou neste domingo, 30 de novembro de 2025, um investimento de 9,8 bilhões de reais para adaptar o Sistema Único de Saúde (SUS) aos desafios impostos pelas mudanças climáticas. O vultoso montante será destinado à construção de novas unidades de saúde e à aquisição de equipamentos que garantam a resiliência da rede em face de eventos climáticos extremos.
Estas iniciativas estão integradas ao AdaptaSUS, um plano estratégico que foi apresentado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém. O programa delineia uma série de ações cruciais para preparar a infraestrutura e os serviços de saúde do país para mitigar os impactos das variações climáticas.
Durante o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), palco do anúncio, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a urgência de tratar a crise climática como uma questão primordial de saúde pública. Ele ressaltou um dado alarmante que ilustra a vulnerabilidade global.
“Em todo o mundo, um em cada doze hospitais tem suas operações paralisadas devido a eventos climáticos de grande intensidade”, destacou o ministro, sublinhando a necessidade de ação imediata.
No decorrer do evento, o ministro Padilha também lançou o Guia Nacional de Unidades de Saúde Resilientes, um documento essencial que fornece orientações detalhadas para a construção e adaptação de Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais. O objetivo é assegurar que essas estruturas possuam a robustez necessária para resistir a fenômenos climáticos adversos.
Conforme informado pela pasta, o guia passará a integrar os projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Saúde), estabelecendo diretrizes rigorosas para o desenvolvimento de infraestruturas reforçadas, sistemas de autonomia de energia e água, inteligência predial avançada e padrões de segurança elevados. Tal medida visa garantir a continuidade dos serviços mesmo em condições extremas.
Para aprofundar e detalhar as diretrizes de resiliência, foi instituído um grupo técnico especializado. Este grupo é composto por renomados especialistas do próprio Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Organização Panamericana da Saúde (Opas) e de diversos conselhos de saúde, garantindo uma abordagem multidisciplinar.
Paralelamente aos anúncios sobre adaptação climática, o Ministério da Saúde também apresentou, durante o congresso, a criação da Instância Nacional de Ética em Pesquisa (Inaep). Esta nova estrutura tem como principal finalidade modernizar e otimizar o sistema brasileiro de avaliação ética para estudos envolvendo seres humanos, um avanço crucial para a ciência no país.
A pasta esclareceu que a Inaep foi concebida para agilizar as análises éticas, reduzir duplicidades processuais e estabelecer critérios claros de risco. Além disso, a instância será responsável pela regulamentação de biobancos, com a expectativa de aproximar o Brasil das melhores práticas internacionais e, consequentemente, ampliar sua participação no cenário global da pesquisa clínica.